terça-feira, abril 26, 2011

capitulo 1. A Mudança.

Tudo o que conseguia ver eram as gotas de chuva rolando pela janela. Perfeitas, cristalinas, sem se importar com nada, a não ser cair. Chuva. Acho que nunca me dei muito bem com água, ainda mais quando ela cai do céu aos baldes. Mas, para o dia, aquilo soou perfeito. Tem momentos em nossas vidas em que temos que fazer sacrifícios, e bem , na hora que me pediram pra decidir, fiz o que achava certo. Agora, não mais tanta certeza assim.
Minha irmã Luci, cuidou de mim quando nossos pais morreram. Não tenho muitas recordações a respeito deles, mas pelo que Luci conta, não perdi muita coisa. Quando o quesito é namorado, Luci sempre ficou a minha frente, pois ela com seus 15 anos já rompera com três, e eu, aos 18 não tive nem um misero garoto que ficasse a o meu lado por mais de 5 dias. Sim, eu. Nunca fui modelo de perfeição. Enquanto Luci... Bem, Luci é Luci. E ela se casou.
-Eu sei me cuidar sozinha - eu falei - ficarei bem no norte - claro. O que ela não sabia é que ao invés da confiança que demonstrei ao falar isso, eu me sentia como uma bailarina prestes a enfrentar o teatro lotado em sua primeira apresentação, sabendo que se houvesse treinado mais poderia ter feito melhor.
Então me vi num avião com direção a Canadá, Quebec, para ser mais exata a Montreal. Bem, isso é algo realmente assustador quando se é uma garota do sul dos estados Unidos. Ao menos não estava nevando! Ainda. O tempo representava mais um empecilho para mim, mas este degrau eu estava disposta a subir.
Minha única preocupação era se Tom cuidaria bem de Luci. Diferente dela, ele parecia responsável. Ao menos, foi a impressão que ele passou nos quatro meses de convivência. Mas como todos sabem, morar numa casa com recém casados não é fácil. Fora que eles conseguiram abalar minha auto-estima. E foi esta razão que fez sair de meu tão amado sol, para ir em direção ao frio. Não por mim, mas por eles. Luci merece isso em homenagem aos anos dedicados a minha educação e as noites que a impedi de dormir. Se bem que ela não precisa mais de mim para acordá-la no meio da noite, creio que tom fará isso com prazer. Muito prazer. Argh.
Além de ser caloura desconhecida numa universidade que nunca me passou pela cabeça estudar, teria de conviver na casa de tia Agnes, uma tia que não via desde o enterro de meus pais. Após uma grande discussão entre dois advogados, ficou decidido que minha tutora seria minha irmã. Claro que minha tia não ficou nada satisfeita, e até o ano anterior nosso único contato era atravéz de meus cartões de natal e aniversário. Naquele ano ela decidiu ir alem, a fora os presentes de casamento afrontosos para Luci, mandou-me passagens para visitá-la e mais uma carta avisando que as portas da casa dela estavam abertas para o caso de eu querer morar com ela.
E ali estava eu. Tenho de afirmar que nada sabia sobre minha tia, pois nos vimos apenas duas vezes, na minha festa de 3 anos e no natal do seguinte, ou seja, não via a hora de conhecer a total estranha com a qual moraria nos próximos 4 anos de minha vida. Isso se me saísse bem na faculdade de historia e não tivesse que refazer uma ou outra matéria, o que não era de todo improvável. Mas voltando a minha tia, parte do mistério que a sondava foi desvendado quando a vi no aeroporto, com uma calça jeans cinza escuro e sobretudo preto, ela se destacava não apenas por sua beleza, que aparentava metade de seus 50 anos, mas também pela aura que a rondava,que exalava poder, autoridade, como se tudo a sua volta fosse sem importância. Isso unido ao fato de suas roupas, que sugeriam boas marcas, lhe dava um ar clássico e ao mesmo tempo contemporâneo, como se fosse alguém nobre.
Mas o mais marcante foi a forma como nossos olhares se cruzaram. Quando a vi, foi como se ela fizesse parte de minha vida, se conhece o que se passa no mais fundo de minha mente, se me conhece desde sempre. Foi fantástico. E me assustou. Legal.
- Acho que a garota loirinha que amava Sunday cresceu. - tive que rir. Sua voz me trouxe uma nostalgia incrível. Pude perceber alegria a me ver. Parecia que ela esperava algo de mim.
- Cresceu. – não. Eu realmente falei isso? Só posso estar louca. Acho que a culpa foi do clima. Ta ok. Certo. Foi o clima.
- katherine você realmente cresceu, é muito parecida com seu pai, mas os olhos e os cachos são de minha irmã. Sua mãe ficaria orgulhosa se a visse. Mas também se sentiria velha, o que a deixaria histérica. – era difícil ver o sorriso triste de minha desconhecida tia Agnes e não sentir pena. Pelo que luci falava elas eram muito ligadas, e ao meu parecer esta era a principal razão para seu interesse em me ter morando com ela. Mesmo porque não é o sonho de ninguém ganhar uma boca a mais para alimentar, e como eu e luci não éramos filhas da mesma mãe seu interesse era apenas em mim, a estranha e desconhecida sobrinha.
- É o que dizem.
Deixamos aeroporto no carro de minha tia, um pajero 2011. Ok, ela podia ser meio extravagante. Gostei dela.

4 comentários:

  1. parabens miga muito legal sinto saldades bejux

    by rita

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  2. Carla te admiro muito... adorei demais seu trabalho, você tem muito talento, espero que consiga realizar todos os seus sonhos nesse maravilhoso e louco mundo... parabéns...

    Ana Paula Belarmino

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  3. Parabéns Carla, gostei muito mesmo ;D

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  4. Oie! Sou eu, a Rah. To te seguindo, ta? Se tu puder segue o meu blog tb?
    http://mynotsodeardiary.blogspot.com/

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